Erro
de cálculo
Ninguém mais o procurava. Foi dado como furtado
e ponto final. E quem achava que ao vendê-lo continuaria rico, foi envelhecendo
na mais triste pobreza. Foi um erro de cálculo.
O seu dono era um homem amargo que só
sorria para seu papagaio. Não se casou nem teve filhos. Foi o último de uma
nobre família e pensou que poderia viver bem, até o final de seus dias,
vendendo os pertences herdados: talheres de prata, copos de cristal, louças
inglesas, tapetes persas... Era precisar, vender, que o dinheiro caía em suas
mãos.
Quanto ao objeto furtado, tratava-se de um
anel de brilhantes que valia o preço daquela casa luxuosa que aos poucos se
esvaziava.
O anel era guardado no cofre e de lá só
saía para ser colocado na janela, o seu dono adorava vê-lo multiplicar os raios
coloridos do sol por todo o quarto. Só seria vendido se muito necessário fosse.
Certo dia, o anel sumiu. Foi um alvoroço.
A polícia investigou o caso interrogando toda a vizinhança porque empregados
não havia. O furto não foi desvendado.
O tempo foi passando, o jardim secando e o
silêncio só era quebrado pela fala do papagaio, único e último amigo do velho:
- Querido, tô aqui! – Querido, tô aqui!
Morreu em uma manhã de sol. Foi
encontrado perto da janela sendo consolado pelo seu papagaio que o tocava com o
anel no bico multiplicando os raios coloridos por todo o quarto.
O conto " Erro de cálculo" vem sendo usado como um dos meus instrumentos de trabalho para a matéria Produção Textual.
ResponderExcluirEu peço que meus alunos façam uma carta para o senhor solitário questionando sua escolha de vida e tentando assim mudar o seu triste destino.
Amei os trabalhos dos alunos: Bianca Rodrigues G. M. G. (Niteroi-2019) e de Matheus P. L. (Piabetá-2018)