sábado, 19 de outubro de 2013

Dai-me graças, Senhor!


     Dai-me graças senhor!
    Mesmo sabendo que não sou merecedora, me atrevo a pedir graças. Desejo um emprego de professora, porque tenho muito a ensinar, basta saber se os outros querem aprender tanto quanto eu quero, e por isso passo a refletir. Dai-me graças senhor!
     Sinto em dizer que os seres estão perdendo a noção do que é correto por dinheiro, e isto já vem do seu tempo, mas é que, agora, tudo piorou.
     Estou sem dinheiro, sem emprego, e mais duro é constatar que minhas dívidas irão aumentar com minha ausência em casa. Dizem que ninguém morrerá com a minha falta, que é só impressão minha, mas tenho uma caçula magrinha que não se vira para se alimentar e, certa vez, quando cheguei em casa às 18 h. , depois de sair cedo para trabalhar como secretária nas eleições, ela me disse que não havia comido nada desde então, fui cobrar da sua irmã acima a quem dei a obrigação tal e esta me respondeu que a pequena lhe dissera que nada queria e ponto final. Ponto final? Ponto de interrogação meu e de exclamação dos outros porque de fato ninguém morreu. Tá! Vejo que hoje tudo é muito simples, basta um levantar e abaixar de ombros, um bater com uma mão na outra limpando poeira invisível e um fazer de beiços em mímicas a dizer: - e eu com isso?
     Por tentar fazer o certo é que me atrevo a pedir graças. Vivemos momentos de total displicência e negligência com pessoas pensando: “- quem esquenta a cabeça é palito de fósforo” e daí deduz-se que todos se cansaram de procurar seus direitos. As leis não são cumpridas. Você ocupa um lugar já sabendo que se chegar alguém dono do dinheiro jogarão você para o final da fila. E por falar em fila, outro dia, de dentro do ônibus, vi uma enorme e pasmei, porque riam e conversavam, contando piadas talvez, porque de longe não se ouvia o motivo da graça. Mesmo em uma imensa fila, todos já haviam encontrado um meio de não se cansar, encostavam-se na parede, sentavam no chão ou em algo improvisado e não se irritavam pois era sabido da falta de vantagens e ficavam assim desfrutando o momento anti-reflexivo da falta no emprego ou da falta deste.
     Os americanos estão lá com aquela famosa frase na cabeça: “time is money, time is money” e por isso engolindo o mundo como um sapo a mosquitinhos e nós aqui gargalhando porque ouvimos dizer que rir é o melhor remédio, e , só por isso não vou chorar, mas ainda querendo ensinar o certo, luto para merecer Sua aprovação...

      Dai-me graças senhor!      

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