segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Quero ser gente boa!

      Quero ser gente boa.

   Imaginemo-nos topeiras. Cegas topeiras cavando em um sentido indicado por nossas mentalidades topeiras.
   Cavamos, cavamos, cavamos, imaginando achar luz em algum outro lado, mais graminhas verdes, ar puro,   ... quando o sentido era outro!
   E como não lhe faltarão outras topeiras a indicar novos outros caminhos de desvio, oh!
   Topeiras são fãs de Drummond! Como entendem bem de que “ no meio do caminho havia uma pedra”! E ironicamente me chamo Fraga e Fraga quer dizer pedra. É! Pedra como uma rocha qualquer, entende?!? Talvez não. Ainda mais se você, ainda, for topeira. Dito assim, fica subentendido que já não sou mais topeira e pressuposto também fica porque está, aqui, registrado, rs..
   Levando fui a vida, cavando também, olhos fechados e lembrando de quando caminhava na praia e ao retornar ouvia: - Oi! Tudo bem? E o mar está calmo?  Como era constrangedor responder no automático:- Oi! Sim! Ok! Com toda a vergonha de não ter visto o mar, o personagem principal da praia. Olhava meus pés molhados, areia grudada, testificando que toquei nele, e nela, porém a lembrança não estava comigo. Meus olhos o viram por certo, mas não registrei a paisagem! Viro meus olhos para cá e para lá para ativar meus softwares. Chave de casa na mão, andando para não ficar parada e nada de lembrar do mar.
   Pouco depois, ao sair do estágio topeira, e chegar ao estágio preá, eu escrevi um livro : “Era de aço e não sabia”, qual o quê? Logo que o concluí, tive a mais braba crise de labirinto sem nem sequer saber do que se tratava. O que me fez entender que não sou de aço coisíssima nenhuma! Sou de carne e osso, sou humana! Mas, ainda me achava o máximo! Era uma preá! A mais honesta, a mais forte, a mais...  até ter bronquite e dores na coluna!! Chiiii!
   Aí, os pontos de interrogação começaram a cair em minha cabeça como uma chuva de granizo daquelas que fazem você correr para a marquise mais próxima, a casa está longe, ainda. Pedras caindo! De novo essas pedras? Sou pedra, sou rocha! Só que não quero esmagar, quero ser tijolo! Quero construir!
   Virei professora. Preciso saber o que falo e escrevo e sobre o que falo ou escrevo. Quem mexe com o saber para si é uma coisa, mas para os outros é outra e ainda mais adolescentes... ser formadora de opinião sem permissão para tal
É Fó... fogo! Mediadora, mediadora é a palavra! As palavras devem ser bem analisadas por mim antes de saírem de minha boca: -Parem de brigar!!! Que pô... porcaria ! -Guardem os celulares e não conversem em aula, que mé.. meleca!
    E a vida não está mole para ninguém!
    A brincadeira da topeira foi só para vocês olharem para o mar. Se não houver mar olhem para as flores, borboletas. Beijem cada filho seu como se fosse o pródigo, dancem como se ouvissem música e a cantem para Deus em agradecimentos.
   Eu estou em obras, pedra a pedra, ops! Tijolo a tijolo em um desenho mágico seguindo a palavra Dele e querendo virar gente boa.  Que hoje seja um dia iluminado para todos nós!  


domingo, 8 de junho de 2014

Desabafo Histórico

   Desabafo histórico


   Dom João VI chegou, fitou o povo e disse:-Todos pardos! Eis que pelo fenômeno do  “Deixa Fazer” devido ao clima dos trópicos, analisou.
   Seu filho, Dom Pedro I, mais tarde, compôs a música do Hino da Independência, primeiro Hino Nacional . Sua bisneta, Princesa Isabel, quebrou algemas em um ano bem simbólico, desenhado:1888!!
   E nossa bandeira, pós-Império, tem em sua faixa a frase “Ordem e Progresso” que soou como ameaça até nos entendermos como brasileiros. E como isso não nos aconteceu ainda, soa até hoje em verde e amarelo.
   Lobato afirmou que somos o “quintal de Portugal” e alguém duvida? O acordo foi firmado para manter a ordem na língua, como se a nossa não fosse afiada para cortar amarras. A Terrinha, ainda, apita no jogo da ortografia.
   Foram-se nossas matas, nosso ouro, vimos enforcado quem não aceitou o desvio.      Vimos o irmão índio vestido e queimado. Vimos o irmão negro descalço e humilhado.
  Que o brasileiro não tem memória todos exclamam!
  Quero um antídoto para o racismo hipócrita, para a falta de memória histórica, para a evasão escolar, para a falta de educação e tantos erros.

  Que o verbo venha do futuro para o presente para que assim, e enfim, nos entendamos como pardos fortes brasileiros!!!!! Gooooolllll

sábado, 7 de junho de 2014

quinta-feira, 8 de maio de 2014

    Eu só quero abraçar minha mãe.

    Enfim, está clareando. Estou sem voz, gritei o que pude neste silêncio, nunca odiei tanto o silêncio, nem os insetos se apresentaram.
   Estou respirando melhor e pausadamente, parece que estou me conformando com a morte. Não! Não! Eu quero viver, sei que o Senhor é o único que me ouve agora, eu quero viver! Estou movendo os dedos da mão direita, mas meus braços estão imóveis, não sinto minhas pernas.
   Eu quase não bebi, acho que foi um gole ou dois em copo de amigos. Amigos?! Como não me impediram de dirigir? Já que não posso mentir para Quem Tudo Sabe, eu confesso que dei umas tragadinhas, mas foi para abstrair a lembrança de vê-lo beijando aquela piriguete. Eu cheguei muito atrasada, estava no salão de beleza, e acho que ele pensou que eu faltaria ao nosso encontro. Não acredito que ainda quero arrumar desculpas para quem nunca me respeitou! E eu me respeito? A curva da estrada me engoliu. Não sei quantas vezes capotei, não sei onde estou nem como estou. O líquido que escorre em minha testa não é suor, sinto frio. Ele é quente, grosso e mistura-se com minhas lágrimas.
   Não quero morrer, Senhor! Quem me ama, verdadeiramente, não pode ficar sem mim. Ela deve estar desesperada nesse momento, ouvi meu celular tocando por toda a madrugada, sei que era ela. Perdoe-me minha mãe! Se eu sair dessa, eu a abraçarei forte com toda a gratidão que você merece.
   A última aula do curso foi sobre eufemismo, “partir dessa para melhor”, “descansar”, “virar estrela’, “encontrar-se com Deus”. Ou, ironicamente, como eu mereço: “comer capim pela raiz”, “ ir para a terra dos pés juntos” , Não é para rir não! Quero parar de pensar... não consigo!  Se “ penso, logo existo” então ainda tenho chance! Tenho emprego e estudo, cumpro meus deveres e daí acho que posso “enfiar o pé na jaca”, posso fazer o que quero!  Menos guiar meus pensamentos, estou misturando tudo, preciso pedir perdão pelos meus pecados e parar com todos esses pensamentos loucos já.
   Quebro este silêncio batendo com minhas unhas de porcelana que ainda não paguei nas ferragens do carro, alguém precisa me ouvir.
   Percebo que isso não foi culpa dele, eu que pareço um para-raio de canalhas, as pistas esfregavam-se no meu nariz. Nariz, fungo, tusso, espirro sangue no vidro do carro. Sempre espirro quando o sol bate em meu rosto frio. O sol que tanto persigo, agora me horroriza.
   Perdoe-me por todos os meus pecados! Lava-me com o poder de seu nome, Nosso Senhor Jesus Cristo!  Nenhuma droga me dominará mais, seja verde, seja branca, seja humana.
   Estão gritando lá em cima, acho que me viram. Grata! Grata!
   São muitos, acho que um exército. Um som maravilhoso de pedras estalando e galhos se quebrando.
   Agora estão cortando a lataria de meu carro, não ouso gritar, eles já viram que mexo a mão direita. Acomodaram-me em uma maca e a sobem pelo barranco com muito esforço. A minha crença na humanidade voltou. Esqueça o que falei sobre todos os homens, Senhor. Estes aqui prestam!
 Rasgaram minhas calças de grife cara, minha mãe escondeu o meu vestido temendo um estupro na noitada. Acaso não me respeite, mãezinha, eu já me basto!
   Movo meus olhos piscando em respostas e agradecimentos. Não tenho coragem de forçar as palavras.
   A ambulância corre com sirene estridente e eu repetindo baixinho, perdão, perdão, eu só quero abraçar minha mãe.   

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Minha oração



      Com um empurrão a janela abriu.
Senhor, agradeço por este milagre: mais um amanhecer. O sol vem chegando, logo aparecerá e esquentará. A claridade começa a invadir o meu quarto. Quanto poder! A noite não pode teimar em dizer:- Não quero ir! Temos a certeza que o dia chegará sem barreiras, mesmo as nuvens mais carregadas não cobrirão o poder do Seu astro, Rei.
      Quantas auroras, como esta, eu poderei contemplar? Não sei. Minha ignorância humana do “só sei que nada sei” é tão real como este céu.
      Senhor, que eu aproveite “cada milionésimo de segundo” deste dia em Sua presença.          Que eu não me desvie de Seu Espírito Santo nem um só momento. Que eu só pratique o bem porque nisto reside a minha saúde.
      Peço perdão pelos meus pecados, até mesmo por aqueles que ainda não reconheci como tais. Também pelas palavras cortantes que saíram de minha boca em momentos de descuido e que, lamentavelmente, não posso pegar de volta. Desfaça o poder destrutivo delas, recicle-as, transforme-as, é uma súplica para Quem tudo pode.
      Para que, assim, eu seja merecedora desta grande benção: ter forças para abrir uma janela e contemplar o nascer do sol.
      Não sei quantos me restam, só o Senhor sabe.

       

quarta-feira, 26 de março de 2014

Uma homenagem ao meu tio Carlos

   Uma homenagem ao meu tio Carlos

   Lembro-me de como meu coração inflava-se
 de carinho quando o via conversando na padaria.    De como ele equilibrava o seu cigarro no canto da boca malabaristicamente, rindo, contando causos, filosofando.
   Quando me via entrar no recinto, aproximava-se para pagar minhas compras e era aí que me arrependia do excesso de guloseimas. Só retirava o cigarro do canto para dar beijinhos espalhando fagulhas brilhantes para todos os lados em um abraço apertaaado.
   Muitas vezes, quando o via distraído com o padeiro, passava escondida por trás do balcão para pagar comprinhas com minha mesada, de nada valia o meu gesto honesto e desinteressado, pois a atendente me alertava: - seu tio disse que você, aqui, não paga.
   Não conheci meu avô materno, outro Carlos, mas soube o que dizia sobre o genro: - Êta! Português exagerado!
   Ele foi muito querido. Quanta saudade de meu tio com seu cigarrinho que nunca caía do canto da boca.