quarta-feira, 26 de março de 2014

Uma homenagem ao meu tio Carlos

   Uma homenagem ao meu tio Carlos

   Lembro-me de como meu coração inflava-se
 de carinho quando o via conversando na padaria.    De como ele equilibrava o seu cigarro no canto da boca malabaristicamente, rindo, contando causos, filosofando.
   Quando me via entrar no recinto, aproximava-se para pagar minhas compras e era aí que me arrependia do excesso de guloseimas. Só retirava o cigarro do canto para dar beijinhos espalhando fagulhas brilhantes para todos os lados em um abraço apertaaado.
   Muitas vezes, quando o via distraído com o padeiro, passava escondida por trás do balcão para pagar comprinhas com minha mesada, de nada valia o meu gesto honesto e desinteressado, pois a atendente me alertava: - seu tio disse que você, aqui, não paga.
   Não conheci meu avô materno, outro Carlos, mas soube o que dizia sobre o genro: - Êta! Português exagerado!
   Ele foi muito querido. Quanta saudade de meu tio com seu cigarrinho que nunca caía do canto da boca.
    


Um comentário:

  1. Milena, você me fez fazer, em segundos, uma viagem no tempo, em aproximadamente 40 anos, quando você ainda era bem pequena. E pude, fazendo esta volta ao passado, lembrar com muito carinho e emoção do seu tio Carlos, meu pai. Grato pela homenagem. Beijo

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