segunda-feira, 23 de abril de 2012


     Jequitibá Rosa 

  

     Meus pés são raízes nesta terra e vi quando eles chegaram.
     No silêncio de nossas matas, com fumaça se denunciaram. Entraram sem pedir licença e ainda nos abençoaram.
     Repito que vi quando nos descobriram, vi quando nos batizaram e também vi quando nos roubaram.
     Senti a dor de nossos nativos com a falta de liberdade e bebi o suor de tantos forasteiros cativos, fruto de tanta maldade.
     Eu vi quando enforcaram aquele que queria nossa independência, como vi também quando negaram o nosso petróleo, nos oprimiram e depois quando nos venderam.
     Vivi por séculos, dois milênios, calado temporalmente falando e sofri por tanta ignorância que não me sai da lembrança.
     Perdi a conta de toda a perda do que iria ficar de herança pros teus. Deus, dê –me esperanças...
     Mas eu vi a mulher se despir e ser presa, o índio vestido sendo queimado, depois quando o mar sujaram e muitas desculpas pediram... eu vi!
     Despeço-me, agora, com os meus pés ardendo em chamas- chorei- com meus galhos erguendo-se aos céus- clamei: perdão por tanta ganância...
     Lamento mas, só posso morrer por ti e pros teus.     
                 

  



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