Jequitibá Rosa
Meus pés são raízes nesta terra e vi quando
eles chegaram.
No silêncio de nossas matas, com fumaça se
denunciaram. Entraram sem pedir licença e ainda nos abençoaram.
Repito que vi quando nos descobriram, vi
quando nos batizaram e também vi quando nos roubaram.
Senti a dor de nossos nativos com a falta
de liberdade e bebi o suor de tantos forasteiros cativos, fruto de tanta
maldade.
Eu vi quando enforcaram aquele que queria nossa
independência, como vi também quando negaram o nosso petróleo, nos oprimiram e
depois quando nos venderam.
Vivi por séculos, dois milênios, calado temporalmente
falando e sofri por tanta ignorância que não me sai da lembrança.
Perdi a conta de toda a perda do que iria
ficar de herança pros teus. Deus, dê –me esperanças...
Mas eu vi a mulher se despir e ser presa,
o índio vestido sendo queimado, depois quando o mar sujaram e muitas desculpas
pediram... eu vi!
Despeço-me, agora, com os meus pés ardendo
em chamas- chorei- com meus galhos erguendo-se aos céus- clamei: perdão por
tanta ganância...
Lamento mas, só posso morrer por ti e pros
teus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário